Começo este texto afirmando categoricamente que, apesar de ter apenas 7 anos de idade à época, não tive nenhuma espécie de alucinação, ilusão, delírio ou devaneio nesta ocasião, apesar da hora avançada em que ocorreu. Acreditar ou não é uma opção livre para todos, claro, assim como eu tenho certeza do que vi mas posso ter uma interpretação que pode ser diferente do que alguns pensam. Enfim, vamos ao que interessa! 😉
Era o mês de maio de 1986, e estávamos sob certa euforia pela passagem do Cometa Harley próximo ao nosso planeta, evento que ocorre a cada 86 anos. Infelizmente não tive a oportunidade antes de visualizar isso, pois o cometa estava visível desde o final de 1985 e início de 1986. Na época eu costumava ler bastante sobre eventos e inventos espaciais: nomes como Goddard, Saturn V, Apolo XI e outros eram comuns de se encontrar em alguns livros que eu folheava, e estava muito curioso sobre o cometa que nos brindava com sua aparição neste ano.
Não me lembro o motivo nem a ocasião, se era especial ou eu estava de férias, pois eu estava com meus pais e irmã na casa da minha avó e parentes maternos, em Seropédica (ainda um distrito de Itaguaí). Eu ainda tenho a impressão de que as férias escolares antigamente eram maiores ou mais duradouras, mas tudo bem, voltemos ao assunto: era madrugada e na véspera todos estavam animados pela passagem do cometa e combinaram de passar a noite na rua em frente às casas para tentar visualizar algo. O bairro onde meus parentes residiam, e alguns ainda moram, é praticamente rural, com ruas de terra batida e, naquela época, ainda com pouca iluminação nas ruas, chegando ao ponto de ter postes com luminária distantes uns 500 metros uns dos outros, ou seja, caminhar pelas ruas do bairro ficava mais fácil em dias de lua cheia…
O relógio já passava das dez badaladas noturnas, quando fomos para a antiga Rua C (apelidada de Caminho Dona Júlia, em homenagem à minha avó, personagem histórica do bairro) tentando avistar o Harley. A própria natureza da região e a insignificante influência de luzes geradas em terra proporcionavam vistas deslumbrantes do céu noturno e estrelado, era costume apreciarmos isso, pelo menos de minha parte. E por incrível que pareça ainda conseguimos avistar o cometa, mesmo estando já em sua fase quase de despedida, bem pequeno e aparentemente estático no céu, devido à junção dos movimentos de rotação da Terra e do deslocamento do astro. Para auxiliar utilizamos binóculos, só que este objeto estelar não foi a única experiência marcante que tive naquela noite.
Na direção sudoeste, olhando para o final da rua, bem depois da “encruzilhada” chamada por nós, avistei um objeto grande, saindo de trás do morro onde a rua acabava. Em um primeiro momento parecia um dirigível com luzes ao redor da sua estrutura, a bem da verdade parecia um balão com luzes de Natal, mas pela distância era um objeto muito grande pra ser algo assim. Me lembro de chamar minha prima Edna e seu pai, meu tio “Neto” (apelido baseado eu seu sobrenome) para olharem para onde eu estava olhando, eu queria saber se eles viam aquilo e me dissessem o que poderia ser. Mas nenhum dos dois visualizou o que eu vi, até onde eu sei, distraídos e atraídos pela visão do cometa através dos binóculos. Enquanto isso as luzes que eu via ainda se deslocavam lentamente e, de repente, outras luzes se aproximaram e todo o conjunto subiu e sumiu rapidamente, me dando um susto, me fazendo sair gritando pra todo mundo olhar aquilo, mas já era tarde… pouco tempo depois só vi alguns aviões passando, em velocidade normal.
Mais de 25 anos depois quase caí pra trás quando eu soube da “Noite Oficial dos OVNIs no Brasil”, em uma matéria que estava passando no jornalístico “Fantástico” da TV Globo. Eu sabia que não estava maluco e nem bêbado kkkkkk tanto por eu ter na época 7 anos de idade quanto por mesmo depois sempre ter odiado bebidas alcóolicas. Acompanhei com muita atenção a reportagem e tudo se encaixava: a data e o meu ponto de vista, pois minha visão era pra sudoeste de onde eu estava, direção da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, onde fica a Base Aérea de Santa Cruz, um dos locais de onde partiram caças aéreos para investigar aquela aparição inusitada.
Este dia se tornou inesquecível para mim, e sinto-me aliviado em poder compartilhar. Aproveito para publicar abaixo alguns trechos oficiais sobre este evento marcante também em escala mundial.
“Não se trata de acreditar ou não [em seres extraterrestres ou em discos voadores]. Só podemos dar informações técnicas. As suposições são várias. Tecnicamente, diria aos senhores que não temos explicação” – palavras do brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, durante uma coletiva à imprensa no dia 23 de maio de 1986, quando informou que cinco caças da FAB perseguiram 21 UFOs.
“Como conclusão dos fatos constantes observados, em quase todas as apresentações, este Comando é de parecer que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores, como também voar em formação, não forçosamente tripulados” – interino do Comando da Aeronáutica (COMDA) José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, em relatório divulgado somente em 25 de setembro de 2009, 23 anos depois do incidente.
E tem ainda um detalhe: não foi a única oportunidade que eu tive de visualizar isso! Mas isso é informação para outra postagem…
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Agradeço a leitura, até a próxima!
Imagem de capa: Luzes em Phoenix, via Wikipedia